Parar de contar com a mudança do outro é um passo importante no desenvolvimento pessoal e nas relações interpessoais. Muitas vezes, nos encontramos em situações que depositamos as nossas esperanças e expectativas na mudança de comportamento ou atitude do outro, como um amigo, familiar ou parceiro.
Esperar que a outra pessoa mude para nos fazer sentir melhor ou para que a relação se torne mais saudável, pode ser tanto um reflexo de nosso desejo por harmonia, quanto uma armadilha emocional que nos impede de crescer e evoluir.
Primeiro, é importante compreender que a verdadeira mudança vem de dentro. Não podemos controlar as ações, pensamentos e sentimentos dos outros e nem devemos tentar. Cada indivíduo segue seu próprio caminho de desenvolvimento, com desafios e lições a aprender. Tentar forçar a mudança em outra pessoa pode não apenas ser infrutífero, mas causar resistência e conflito, prejudicando ainda mais a relação.
Este entendimento nos liberta de muitos pesos e nos faz assumir a responsabilidade pelos próprios sentimentos e reações, ao invés de culpabilizar terceiros. Essa abordagem nos incentiva a olhar para dentro de nós mesmos, a identificar o que realmente podemos controlar – que são os nossos pensamentos, atitudes e ações – e nos esforçar para nos tornarmos a melhor versão de nós mesmos.
É um processo que requer maior resiliência emocional e um senso de autonomia. Quando paramos de esperar que o outro mude para que possamos ser felizes ou satisfeitos, somos mais capazes de encontrar a nossa própria felicidade e realização, independentemente das circunstâncias externas. Isso não significa que temos que aceitar o comportamento abusivo ou nocivo dos outros, mas significa que precisamos aprender como estabelecer limites saudáveis e decidir o que estamos dispostos a aceitar em nossas relações.
Quando aceitamos as pessoas como elas são, com suas virtudes e defeitos, abrimos espaços para relacionamentos mais autênticos e menos condicionais. E isso não exclui a possibilidade de crescimento ou mudança na relação, mas enfatiza a autoevolução e a mudança interna como fonte de transformação externa.
Não devemos contar que o outro mude e sim, mudar nossa atitude perante aquilo que ele faz que nos incomoda. É uma jornada de autodescoberta, responsabilidade pessoal e aceitação, sendo este o caminho para relacionamentos mais saudáveis, onde o respeito mútuo e a liberdade individual são mais valorizados do que a necessidade de controlar ou moldar a outra pessoa.
Ao focarmos em nossa própria evolução, criamos um ambiente propício para que as mudanças naturais e positivas ocorram tanto em nós mesmos quanto nas nossas relações.
Renata Job
Escritora/cronista
Bacharelado em Direito
Especialista em Gestão de Pessoas e
Coordenadora do Centro de Referência da
Assistência Social do Município de Cotia