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Vivemos em uma sociedade que celebra cada vez mais a resiliência feminina, o termo “guerreira” tem se transformado em um elogio frequente. A mulher guerreira. A mãe guerreira. A profissional guerreira.

Quantas vezes já ouvimos esses elogios para as mulheres que enfrentam desafios diários com uma força admirável? O título de “guerreira” é dado como uma forma de reconhecimento as suas lutas e conquistas.

No entanto, por trás desse título que parece tão positivo, existe uma realidade pouco discutida: ser chamada de guerreira pode sim, ter um preço alto.

Quando rotulamos uma mulher como guerreira, muitas vezes sem perceber, estamos normalizando o sofrimento como algo esperado em sua trajetória. Criamos a expectativa de que ela deve suportar tudo com firmeza, sem reclamar ou mostrar fragilidade.

Afinal, a guerreira não pode vacilar, não pode fraquejar e não pode pedir ajuda. A pressão para manter a imagem de invencibilidade pode levar muitas a um desgaste emocional significativo, onde admitir o cansaço ou pedir ajuda, acaba sendo visto como uma falha.

Esse fenômeno está ligado ao papel social que, historicamente, foi atribuído às mulheres, que muitas vezes são vistas como pilares emocionais em diferentes contextos. Elas costumam ser consideradas inquebrantáveis em suas famílias e comunidades, o que acaba desvalorizando seus próprios momentos de dor, fragilidade ou necessidade.

A ideia de estar sempre “na luta” pode esconder a importância de buscar apoio e de ter espaço para falhas, aprendizados e recuperação. O preço desse papel é o silenciamento da dor.

Quantas mulheres seguram suas lágrimas porque acreditam que “guerreiras não choram”? Quantas acabam deixando de lado os cuidados com a própria saúde física e mental porque sentem que precisam continuar lutando? A exaustão, a ansiedade e a depressão se tornam companheiras silenciosas dessas batalhas constantes e solitárias.

Além disso, há o preço da solidão. Quando se espera que alguém seja sempre forte, as pessoas ao redor muitas vezes deixam de oferecer apoio. Afinal, por que ajudar uma mulher forte? Ela consegue resolver tudo sozinha, não é mesmo? Esse isolamento forçado pode criar ciclos de sofrimento invisíveis que poucos conseguem perceber.

Talvez seja o momento de repensar esse rótulo… É importante valorizar a força sem romantizar o sofrimento. Reconhecer a resiliência sem normalizar a sobrecarga. Celebrar as conquistas sem exigir sacrifícios constantes.

É possível sim, ser forte e vulnerável ao mesmo tempo, resistente e delicada. Ter a habilidade de lutar quando necessário, mas também saber quando é hora de parar e descansar. É ter o direito de dizer “não aguento mais” sem que isso diminua o seu valor.

O verdadeiro ato de coragem talvez não esteja em suportar silenciosamente todas as batalhas, mas em admitir que ninguém deveria ter que lutar sozinho, quebrando assim, o ciclo de exigências auto impostas.

 

Renata Job

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